Pandivá é um instrumento musical digital híbrido inspirado na pose de tocar um violão, na forma de disparar sons tocando um pandeiro e na forma de controlar a altura da nota usando a vara de um trombone de vara. Seu nome é um diminutivo para “pandeiro de vara”, expressão que surgiu de uma discussão em uma das oficinas realizadas no projeto.

O Pandivá foi pensado para ser tocado com a pose de um violão ou guitarra, ou seja, no colo ou utilizando uma correia nos ombros. O músico dispara as notas tocando um dos três pads localizados no corpo do instrumento e altera a altura dessas notas, movimentando a vara: quanto mais para fora, mais agudas é sãos as notas e quanto mais para dentro, mais graves. Os três pads foram pensados para a formação da tríade de um acorde, ou seja, no pad superior toca-se a tônica, no direito, a terça (maior ou menor) e no esquerdo, a quinta. Através de um botão de modo, o músico pode alterar entre modo melódico, no qual dispara notas com altura baseada na posição da vara e o modo harmônico, no qual a vara modifica o acorde que está sendo tocado e os três pads correspondem ao arpejo do acorde.

A síntese sonora do Pandivá, para esta versão, é feita no computador, através de uma conexão MIDI com o GarageBand. O Arduino envia uma mensagem serial para o aplicativo Hairless MIDI, que a converte para uma mensagem MIDI enviada ao GarageBand. O timbre escolhido como base para o Pandivá foi o de violão de cordas de aço, pois potencializou as características rítmicas do instrumento.

O Pandivá foi construído com componentes simples: 15 botões de contato dispostos em três conjuntos, responsáveis pela captação do momento do disparo; 4 piezos, que medem a intensidade da batida; um potenciômetro linear em forma de slider, que é acoplado a dois canos de PVC de 20mm e 25mm, formando um pistão ou vara, que tem como função a modificação da altura das notas. O microcontrolador utilizado foi o Arduino Mega 2560 por apresentar uma grande quantidade de portas de entrada e, com isso, facilitar a prototipação. A estrutura do Pandivá foi feita utilizando técnicas de fabricação digital: projetou-se o modelo 3D no computador e as peças de MDF de 3mm foram cortadas a laser no FabLab Recife.
Baseando-se nas entrevistas, alguns músicos demonstraram ter uma forte ligação com seus instrumentos, podendo até fazer diversos experimentos sonoros, mas sempre se valendo da técnica já adquirida em um determinado instrumento conhecido. A inspiração de fazer um instrumento híbrido é aumentar a possibilidade de adesão desse novo artefato a partir da herança de um repertório de gestos já existentes. Ou seja, a intenção é trazer para este novo instrumento a possibilidade de ser tocado com gestos já familiares, como a batida na pele do pandeiro e o movimento da vara de um trombone. É uma tentativa de ultrapassar uma barreira inicial de começar a usar um artefato estranho, usando para isso elementos já conhecidos no domínio de uso.

Foram três ciclos de prototipação relacionados ao Pandivá. O primeiro foi a construção de um protótipo não-funcional de madeira para experimentar a ergonomia e o uso. O segundo tratou-se de um protótipo funcional com três pads de piezos e borracha, baseados nos experimentos com o Sandbox Wow, e uma vara feita com dois canos de PVC, uma lanterna e um sensor de luz. Mais uma vez, o piezo, usado diretamente para detectar disparos, se mostrou instável. Assim, na versão atual, foram usados botões para o disparo e piezos para medir a intensidade da batida. A última versão contou com a precisão de uma cortadora a laser, dando ao instrumento uma aparência mais próxima a um produto finalizado.

Evolução Pandivá

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Pandivá by Filipe Calegario is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
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